Necessidade Líquida
O Andarilho sobre o Mar de Neblina (Der Wanderer über dem Nebelmeer) – Caspar David Friedrich (1818)
Com o toque da lufada na minha pele, a consciência abraçou meu corpo, acabei por despertar na penumbra da noite. Meu corpo exprime, em mim, a lancinante vontade de se aliviar no morno de suas necessidades. A luta entre o sono e o despertar é perene e visível em meus quase que deitados olhos. Meu corpo se arrasta em si, movendo-se, alquebrado, em direção ao seu objetivo cravado a ferro e fogo na pele que o santo sol, em tua infinita simetria, toca todos os dias. Os pés gritam, embebidos em agonia, por cada passo dado nas pedras e espinhos desta montanha que se desdobra e espiga rente as minhas fatigadas retinas. O vento contínuo derrama sobre meu ser sua gélida e intransponível presença. Ao olhar para trás, eu tenho a visão que consegue cobrir todo o mundo, tão linda é a existência transbordada pela luz da lua. Meu corpo relaxa em quase gozo: morno, líquido e derramado. Floresceu em minha mente as palavras: que mijada gostosa!
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