Vida do Asceta


Vida do asceta

Se não fosse poeta, talvez fosse profeta,
que no ardor do verbo buscaria a verdade;
mas o que me falta, o asceta, em sua quietude,
não sente — serena em sua realidade.

Sentado à margem da tormenta,
onde o vento não alcança, nem a dor,
ele medita na luz que não se ostenta,
no silêncio profundo, além do amor.

A luz que me acalma não nasce da razão,
mas de um saber sagrado que resplandece
como o Cristo que no deserto orava em vão,
ou o Buda, sob a árvore, que tudo acontece.

Na busca incansável, perco-me no vazio,
mas é nesse abismo que encontro a paz.
E, quando a alma em si mesma se silencia,
a tormenta desaparece — e a luz se faz.

— Jetsün Sandhi 

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